SP–Arte 2023

Em sua 19ª edição, SP–Arte se consolida como o mais relevante da América Latina e apresenta novidade que visa mais interação entre os diversos públicos visitantes do evento

A maior e mais importante feira de arte do país começa hoje, dia 29 e, com a participação de 167 expositores, dos quais 85 galerias de arte nacionais e 15 internacionais confirmados para a edição, eleva seu status de ser o maior polo de encontro de arte e design da América Latina. O evento reúne, a cada edição, mais de cinco mil obras e dois mil artistas, brasileiros e estrangeiros, todos sob o histórico e emblemático Pavilhão da Bienal, assinado pelo mestre Oscar Niemeyer em 1954. O evento anual que acontece desde 2005 é, além de um grande acontecimento na cidade no cenário das artes e do design, um momento cultural sem precedentes quando colecionadores, profissionais e amantes da arte podem conhecer novos e diferentes artistas e suas artes, desfrutar de conversas sobre o fazer artístico, lançamentos de livros e muito mais.

“Por meio das galerias participantes, a SP–Arte apresenta desde sua primeira edição diversas gerações de artistas, dos que estão despontando no mercado e iniciando sua carreira aos já consolidados no circuito. A feira tem um cuidado com a excelência do que é mostrado no evento. Nesse sentido, firma-se não apenas como motor de dinamização e renovação do mercado, mas da própria cena artística nacional e internacional”, pontua Fernanda Feitosa, fundadora e diretora da SP–Arte em entrevista publicada no site da instituição. Os visitantes ainda podem acessar durante o evento 14 editoras, oito instituições culturais e espaços autônomos, participar de visitas guiadas gratuitas e presenciais, e assim, conhecer detalhes de importantes obras de arte apresentadas pelas galerias que sempre selecionam o melhor de seus acervos.

Nesta edição, uma novidade que busca criar novas conexões entre os diferentes públicos, conta com a introdução de um novo setor. Showcase, sob a curadoria de Carollina Lauriano, trará uma espécie de exposição que irá se espalhar por 13 estandes, criando um circuito com obras de artistas selecionados e reunidos sob a mesma temática por Lauriano. “Recuperar paraísos: não precisar do fim para chegar” dá nome ao projeto baseado nas reflexões do pensador Malcom Ferdinand e questiona, por meio da arte, a separação entre os movimentos sociais antirracistas e as discussões ambientais e ecológicas – um falso antagonismo herdado pelo colonialismo – trazendo à tona possíveis transformações diante de um mundo em colapso.

Galerias

A Galeria Frente, entre as mais importantes do segmento, participa do evento desde sua inauguração em 2015. Acacio Lisboa, à frente da galeria, fala sobre a satisfação e importância da feira. “Para nós, é sempre uma grande alegria estar presente em um evento tão importante do circuito de arte nacional que, entre outros, reúne em um mesmo local diversos perfis de colecionadores, além de proporcionar ao grande público a exposição de diversas obras de todos os tempos e estilos.” Entre os artistas que estarão no estande, grandes nomes nacionais como Abraham Palatnik, Alfredo Volpi, Anna Maria Maiolino, Antonio Dias, Arcangelo Ianelli, Ascânio MMM, Beatriz Milhazes, Burle Marx, Di Cavalcanti, Flavio de Carvalho, Franz Weissmann, José Leonilson, Julio Le Parc, Lasar Segall, Mira Schendel, Nelson Leirner, Tomie Ohtake e Willys de Castro. “Como destaque, traremos uma obra do Frans Post, considerado um dos mais importantes artistas holandeses a serviço de Nassau na comitiva que o acompanhou ao Nordeste do Brasil em meados do século XVII”, finaliza Acacio, ao pontuar que “para as galerias é uma importante vitrine para levar suas obras para outros públicos.”

Um pouco mais jovem em sua participação contabilizando seis anos, a galeria Luis Maluf trará para seus 90m² de estande nomes como Antonio Bokel, Aline Bispo, Bordalo II, Karola Braga, Marcia Pastore, Janet Vollebregt, Vermelho Steam, Finok, Luiz Escañuela, Leandra Espírito Santo, Yohannah de Oliveira, Julio Sarramián, Edu Silva, Shizue Sakamoto, Juan Francisco Casas, Michelangelo Bastiani, Cranio e como destaque, obras de Marcia Pastore e Aline Bispo, essas no Showcase da SP-Arte. “Acreditamos que a feira é uma forma de tornar visível o novo momento da galeria, seu crescimento e seus grandes projetos”, celebra Luis Maluf, fundador da galeria homônima. “A feira, por ser a maior da América Latina, é um movimento que facilita o acesso à arte. Ela faz com que novos colecionadores se insiram no mercado e permite que tanto os colecionadores mais antigos quanto os mais recentes conheçam outros trabalhos diferentes, descubram artistas e se interessem por outras peças”, finaliza o galerista.

Design

No setor de design que cresce a cada edição – esse ano serão 45 expositores de design, um aumento de 30% em relação à edição passada –, destaque para a exposição “Conexão Ceará” sob a curadoria da jornalista Winnie Bastian. Com o tema “Design Exaltação”, Winnie fez uma minuciosa seleção que resultou em diversos trabalhos assinados por três artistas cearenses com o que há de melhor em design daquele estado. Bruno Camarotti, Igor Sabá e Valter Costa Lima, arquitetos por formação, hoje se dedicam ao design de mobiliário e afins, cada um à sua maneira, mas, juntos, se encontram e se coordenam em ideias e criações.

Em comum, a brasilidade, que levou a curadora a criar um fio condutor ligando o design e a música, criando assim o tema de exposição, como ela explica: “Penso na Aquarela do Brasil, samba exaltação de Ary Barroso que, ao enaltecer as belezas e qualidades do nosso país, atraiu atenções do hemisfério norte para a música brasileira na primeira metade do século 20. E vejo, na produção destes três criadores, um verdadeiro ‘design exaltação’. Teria ele poder semelhante, de consolidar o trabalho de nossos designers mundo afora?”, questiona.

Acerca dos trabalhos, a marcenaria tradicional e a madeira maciça são a base de Bruno Camarotti que representa praias e paisagens, tanto nas formas quanto nos nomes de suas criações. Igor Sabá, nascido no Cariri e com formação na capital paulista, transita por matérias-primas e técnicas diversas, do barro moldado à mão ao ferro cortado a plasma. Já o fortalezense Valter Costa Lima por sua vez, ganha destaque por usar como fonte de inspiração para seus móveis e luminárias, a fauna local. Além disso, o designer tem se dedicado a explorar matérias-primas ecofriendly.

O estande com a mostra ‘Conexão Ceará’, que também traz influências cearenses com tons de amarelo inspirados na flor de Carnaúba – árvore típica da região –, estará no setor de design do evento, DS 46.

Localização
Pavilhão da Bienal
Parque Ibirapuera, portão 3

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