Para aproveitar melhor o que a terceira idade tem a oferecer, arquitetura e design devem ser pensados com a mesma delicadeza e cuidados que dedicamos a todos os momentos preciosos da nossa existência
É intrínseco dos anos, das décadas e dos séculos que a evolução humana seja marcada por mudanças de hábitos, paradigmas e, claro, comportamento. O estilo de arquitetura empregado nas casas de 500 anos atrás não teria a menor usabilidade nos dias de hoje. Tudo evolui, muda e, à medida que os anos vão passando, as casas vão se moldando também às novas necessidades. Assim, chegamos ao século 21 com uma série de recursos tecnológicos que visam facilitar a vida cotidiana e, além disso, proporcionar conforto e oferecer maior qualidade de vida. Então, vamos conhecer algumas mudanças e atitudes que vão mexer com a vida das pessoas nos próximos anos.
“A vida é um sopro”, já dizia Oscar Niemeyer acerca da rapidez com a qual a vida passa. Ele, arquiteto, entre os mais respeitados mundo afora e que viveu quase 106 anos – faleceu a apenas dez dias de seu 106º aniversário –, se estivesse vivo, teria hoje ainda mais respaldo para falar sobre o envelhecimento e projetos arquitetônicos. Felizmente, já existem algumas empresas e profissionais olhando para o futuro, com o objetivo de tornar a vida dos idosos cada vez mais confortável, segura e cheia de possibilidades.
Segundo projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos deve superar, em 2031, o de crianças e jovens menores de 14 anos. Já em 2050, o Brasil deve ser o sexto país do mundo com maior quantidade de longevos. Considerado a ‘geração do futuro’, o grupo que engloba pessoas 60+ é formado por pessoas ativas, saudáveis, independentes, cheias de sonhos, planos, que vivem bem e, mais que isso, são ávidos consumidores. Dados do Instituto Locomotiva mostram que eles movimentam um mercado de R$1,6 trilhão por ano e representam 20% do consumo nacional. Com tudo isso, pensar em um projeto que atenda às necessidades deste público é, além de tudo, um excelente negócio.
A Laguna, construtora no mercado imobiliário há mais de 25 anos, é uma das que tem investido em arquitetura para a terceira idade e acaba de lançar o empreendimento BIOOS. Inédito no Brasil, trata-se de um conjunto composto por duas torres, BIOOS Home e BIOOS Health, e que reúne moradia e serviços, a fim de oferecer qualidade de vida e saúde no mesmo lugar.
O empreendimento localizado em Curitiba, nasceu de olho neste público que busca tempo de qualidade, praticidade e de quebra, tem capital para investir. O BIOOS possui uma área que interliga as duas torres, oferecendo ampla circulação e facilidade de acesso. Todos os detalhes arquitetônicos foram desenvolvidos para oferecer segurança e sensação de bem-estar para aqueles que estão entrando, ou já estão, na fase da ‘melhor idade’, como conta Ricardo Amaral, que assina o projeto. “O BIOOS é um dos melhores projetos que a nossa equipe teve a oportunidade de desenvolver, caracterizado pela integração entre as necessidades do trabalho e moradia.”
Com uma série de ambientes que propiciam a convivência em comunidade, BIOOS Home tem também uma série de serviços agregados, entre os quais atendimento básico de saúde, serviços pay per use de lazer, cuidado, bem-estar, saúde e conveniência: atendimento em domicílio, cuidador, organização, limpeza, reparo e manutenção das residências, e uma rotina de atividades de lazer e bem-estar de acordo com o perfil dos moradores. Os apartamentos têm entre seus maiores diferenciais: tomada inteligente para fogão elétrico (com desligamento automático); botão de S.O.S; sensor de fumaça na cozinha; porta de entrada com 1,10m de largura; interfone com sistema de vídeo; fechadura eletrônica na entrada do apartamento; banheiro acessível e piso aquecido no dormitório e banheiro. Além disso, vale destacar que há uma vaga de garagem especialmente reservada para ambulâncias.
Já a torre BIOOS Health, destinada principalmente a área da saúde, traz consultórios médicos, além de duas lajes preparadas para receber um Centro de Diagnóstico por Imagem e um Hospital-dia, com estrutura para realização de procedimentos de baixa complexidade, entre clínicos, cirúrgicos e terapêuticos. “Não há nada parecido no Brasil, onde o empreendimento está estruturado e focado em atender a nova geração de idosos, com unidades residenciais completas, independentes, em região nobre e central da cidade”, revela André Marin, diretor de incorporação da Laguna.
O bem morar na terceira idade
Outro projeto que compartilha desta mesma preocupação, o Toscana Residence da construtora e incorporadora Garetti, foi entregue em julho deste ano. Localizado em São José do Rio Preto, interior do estado de São Paulo, o projeto teve colaboração da arquiteta Flávia Ranieri, especialista em geroarquitetura cujo objetivo é olhar atentamente para a relação entre o morar e a terceira idade, para oferecer independência e autonomia à rotina dos idosos. Ela explica que esse tipo de arquitetura “não é fazer um projeto assistencial ou hospitalar. O foco dela é na máxima independência e autonomia do usuário. É pensar em uma arquitetura capaz de acompanhar o processo de envelhecimento. Uma arquitetura flexível e dinâmica como a vida é. Uma arquitetura que aceita e prevê mudanças tanto graduais como repentinas”, comenta Flávia.
O projeto assinado por Romeu Patriani traduz o estilo de vida italiano e traz em seu design uma atmosfera neoclássica. Nele, o público 60+ pode desfrutar de apartamentos de 123,44 m² em um local que respeita o processo de envelhecimento com personalidade, funcionalidade e conforto. Para isso, a arquiteta conta que implementou, tanto nos apartamentos, como em áreas comuns, elementos relacionados à segurança e melhor mobilidade dos moradores, entre os quais a previsão de um maior distanciamento entre os mobiliários nas áreas comuns, piscina com elevador, espaço do hall dos elevadores com livre circulação, aumento no tamanho das portas, banheiros sociais com barras de apoio etc. “E, tudo isso mantendo a sofisticação que merecem”, finaliza Flávia.
Todas estas evidências nos levam a crer que arquitetura da longevidade veio para ficar, sim! A relação com o morar, em todo o tempo, muda, evolui e torna nossos lares mais adequados para a nossa necessidade. É neste contexto que a visão dos profissionais da arquitetura, assim como o mercado imobiliário, deve acompanhar esta evolução, acolhendo estas mudanças e nos proporcionando uma vida cada vez mais confortável.
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