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Publicado por Connectarch

Duração 6 MIN

Data de publicação 06/07/2023

Gentilezas urbanas

Arquitetos, incorporadoras e sociedade podem aplicar e se beneficiar de espaços públicos pensados para o bem comum de todos

Considerar o espaço público como um ambiente que possa proporcionar mais conforto e bem-estar à cidade e aos seus cidadãos tem sido decisões, pensadas e tomadas, em projetos de arquitetura de empreendimentos nas grandes metrópoles. Aliás, o exemplo vem de longe. Era 1946 quando o então arquiteto paranaense João Batista Vilanova Artigas e seu antigo aluno na politécnica, que veio a ser seu sócio posteriormente ao longo dos anos 1950, Carlos Cascaldi, assinaram – Cascaldi como colaborador – o edifício Louveira.

Arquitetos: João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi | Foto: Nelson Kon

Localizado em um dos lugares mais nobres da capital paulista, Higienópolis, o Louveira, que é um dos ‘queridinhos’ da vizinhança, foi pensado, à época, de modo a estar integrado com o bairro, nesse caso, principalmente à Praça Vilaboim, que praticamente tem seu paisagismo como parte ‘incorporada’ ao projeto. É considerado um dos mais emblemáticos exemplares da arquitetura moderna na cidade – não há muros, conferindo integração entre público e privado, oferecendo harmonia visual e equilíbrio total com seu entorno.

O exemplo serviu e outras construtoras e escritórios de arquitetura têm adotado práticas mais gentis na hora de projetar, como o sexagenário Aflalo Gasperini Arquitetos. O edifício de uso misto H.I. Pinheiros, executado pelo escritório em 2018, possui, além de uma arquitetura que se destaca no horizonte com seus 125 metros de altura, onde se alocam 44 pavimentos, uma passagem para pedestres dentro do empreendimento no qual pessoas podem circular entre ruas, no meio das quadras urbanas, contemplando lojas e vitrines.

H.I. Pinheiros | Projeto: Aflalo Gasperini Arquitetos

No lugar de carros, pessoas!

Outro tipo de gentilezas urbanas que tem sido bastante comum na capital do concreto e do asfalto são os parklets – áreas com estruturas construídas contíguas às calçadas, substituindo vagas de estacionamento e cujo objetivo é oferecer espaço de lazer e convívio entre as pessoas. Na capital paulista, o conceito surgiu em 2012, sendo que a primeira implementação aconteceu em 2013, dando início ao processo de regulamentação.

Parklet Oscar Freite, São Paulo, 2015 | Arquiteto Homã Alvico | Site: Vitruvius

Segundo a prefeitura em seu site, “a inciativa buscou humanizar e democratizar o uso da rua tornando-a mais atrativa e convidativa, e provocando uma reflexão sobre a cidade que queremos habitar.” Desse modo, é possível oferecer uma real ocupação e uso social do espaço público, promovendo o lazer e estimulando também o uso democrático e participativo da cidade com a permanência das pessoas nesses locais. Alguns oferecem lugar para prender bicicletas, deixar os animais de estimação seguros com suas coleiras amarradas em partes da estrutura e até tomadas para recarga de celular.

A incorporadora Tegra é uma empresa que tem investido nessas gentilezas urbanas para a cidade e já instalou parklets em bairros como Perdizes, por exemplo, no qual emprega conceitos de utilização prática e com um design próprio. Outra atitude da empresa que prevê a integração entre pessoas e cidade como mais uma ação de gentileza foi a criação de um ambiente no bairro do Itaim Bibi voltado para a realização de palestras, exposições, além de oferecer uma ampla agenda cultural, estações de coworking entre outros, gratuitamente.

Parklet Tegra | Site Incorporadora

Segundo João Mendes, diretor de Incorporação, “a Casa Tegra é uma iniciativa do programa de Gentilezas Urbanas da empresa que busca qualificar a nossa relação com a cidade. Desde 2019, já recebemos mais de 30 mil visitantes e realizamos 15 exposições de arte, 170 talks e 20 eventos.” E finaliza: “O espaço pode ser aproveitado por quem quer trocar experiências, aproveitar os lounges com wi-fi, participar de palestras e exposições que valorizam a arquitetura e a cultura ou mesmo apreciar obras de design.”