Tiradentes não seria a mesma sem os ateliês. Esses espaços, grandes ou pequenos, bem localizados ou mais retirados, sofisticados ou rústicos, são verdadeiros tesouros que enriquecem a cultura local. Cada um deles guarda a riqueza das histórias e das tradições que moldam a identidade da cidade.
O Connectarch escolheu dois destes refúgios criativos para apresentar aos convidados especiais do programa. Lugares onde a paixão pelo fazer se transforma em peças que encantam, para tornar essa experiência ainda mais rica e memorável. Conheça mais dos espaços visitados pelo Connectarch em Tiradentes.
Arte em madeira no ateliê Marco Ajeje
Quando se casou e começou a mobiliar a própria casa, Marco Ajeje descobriu que não gostava muito do que havia disponível nas lojas. Foi assim que começou a fabricar os próprios móveis. Entre idas e vindas na criação de peças, viajou pela primeira vez a Tiradentes em 2008 para aproveitar o carnaval na cidade. Gostou tanto do que viu que decidiu ficar. O ateliê Divinas Gerais existe desde então, e é um encanto para os olhos e para a alma.
Na porta já é possível sentir a atmosfera de tranquilidade do lugar. Há harmonia em tudo, da disposição dos produtos prontos ao processo de fabricação na parte de trás. “Oficina de trabalhos extraordinários”, diz a placa que leva à fábrica. Mobiliário, utensílios domésticos, acessórios, obras de arte, peças abstratas… tudo que a imaginação do artista permitir.
“Esse poder de transformação que a gente tem, de pegar uma coisa que está ali jogada e que talvez vá virar lenha ou a própria natureza vai consumir… Você poder transformar isso é um superpoder. Essa peça vai para uma casa bacana, vai ser objeto de admiração de alguém, de conforto para alguém, eu acho isso um espetáculo”, conta ele.
Como se não bastasse conhecer o espaço, o grupo do Connectarch também colocou a mão na massa – ou melhor, na madeira. Com o conceito “re-árvore”, Marco ofereceu uma oficina para os convidados criarem a própria árvore escolhendo as próprias peças, todas feitas com sobras de madeira.
A expressão brutalista da Ferraria Nonato
Ainda na barriga da mãe, Raimundo Nonato ouvia as batidas do martelo. Foi o som que embalou a sua infância e se tornou também sua profissão. Herdou do pai o gosto por moldar o ferro e elevou essa arte a um novo patamar, aprimorando técnicas e explorando novas formas de expressão.
Fechaduras, maçanetas, puxadores, chaves, trincos… Cada peça criada por Nonato carrega o peso de um trabalho artesanal intenso e apaixonado. No calor da forja, o ferro incandescente ganha forma a cada martelada. Ofício suado, que exige força, precisão e paciência; não há pressa quando se trata de transformar o ferro bruto em obras únicas e personalizadas.
Os convidados do Connectarch aproveitaram essa visita como uma oportunidade única de mergulhar no universo de um artesão dedicado, vivenciando de perto o processo artesanal e a força bruta do ofício. Inspirados pela paixão e pela autenticidade de Nonato, saíram da ferraria com uma nova percepção sobre o valor do trabalho manual e o poder das histórias que dão forma às peças.
“É uma profissão que eu adoro. Hoje eu estou com 46 anos e espero que com 50, 60, 70, 80, eu esteja com saúde e que eu possa estar trabalhando de ferreiro. E agradeço muito a vocês porque que essa visita me motiva mais ainda. Agradeço demais, essa motivação eu vou carregar para o resto da minha vida”, falou Nonato.