Design District, o bairro que respira criatividade

Atualmente um dos bairros mais prestigiados de Miami, o Design District, é um universo paralelo quando o assunto é arte, gastronomia e arquitetura

Já imaginou um bairro inteiro repleto de arte, boa arquitetura e design? Sim, esse bairro singular existe e fica em Miami, nos Estados Unidos. O Design District é um daqueles lugares inspiradores que não passa despercebido nem pelos olhos mais desatentos. Além de sua arquitetura contemporânea, com projetos disruptivos, o Design District agrega grandes marcas, como Bulgari, Valentino, Tag Heuer, a boutiques e joalherias. Cafés, restaurantes de alto padrão e importantes museus e galerias de arte também fazem parte desse conglomerado cultural.

Tudo isso começou, há mais de vinte anos, sob o interesse individual do empresário e empreendedor Craig Robins que, ao perceber o potencial daquele local, passou a adquirir propriedades no bairro, um lugar, até então, ‘abandonado’ em Miami. Robins, um homem visionário, idealizou um espaço onde a arquitetura e o design fossem protagonistas e atraísse, de fato, uma comunidade de criativos. Assim, nasceu o Design District: um lugar vibrante, de gastronomia e cultura ímpares, com obras de arte em espaços públicos que transcendem o imaginário mais fértil e engenhoso.

É neste lugar, de obras cuja notoriedade fica além da percepção do comum, que o mestre do modernismo, Le Corbusier, é homenageado sob o olhar e criação do artista francês Xavier Veilham. O busto em questão retrata Corbusier de maneira formidável com seus característicos óculos circulares a observar a outra importante obra: a Fly´s Eye Dome, de Buckminster Fuller. Esta espetacular escultura feita em fibra de vidro em grandes dimensões coloca o arquiteto, que também era pintor, designer e urbanista, em uma posição de trabalho, como se suas mãos estivessem apoiadas sobre uma mesa a criar.

Não menos imponente, a Fly´s Eye Dome, como é chamada ‘oficialmente’ é uma cúpula geodésica que está localizada na 140 NE 39th St e, igualmente à obra Le Corbusier, faz parte da arte pública do bairro, bastante abastada na região. Inaugurada em dezembro de 2017 pelo Institute of Contemporary Art, ainda quando era um protótipo foi classificada por seu criador como “máquina de habitação autônoma”, uma espécie de casa acessível e portátil do futuro que começou a ser construído em 1977, manualmente e, anos mais tarde, passou a ser um dos símbolos do District.  

Não podemos deixar de destacar também a fachada do Museu Garagem. Um projeto colaborativo formado por cinco escritórios nova-iorquinos - Clavel Arquitectos, J. Mayer H, K/R, Nicolas Buffe e WORKac, que tem como conceito o jogo surrealista francês Cadavre Exquis (cadáver esquisito) no qual uma combinação de imagens reunidas forma uma única obra. De uso misto, os espaços do Museu Garagem são divididos em galeria, área de recreação infantil, jardim, biblioteca, bar, espaço para animais de estimação, entre outros.

Art Basel

Como local de arquitetura, design e artes que é, o Design District recebe uma vez por ano uma das edições da Art Basel: feira de arte internacional de gestão privada e realizada anualmente também em Basel, na Suíça, Hong Kong, recentemente em Paris, na França. Criada há mais de cinco décadas por um trio de galeristas suíços, Ernst Beyeler, Trudi Bruckner e Balz Hilt, a Art Basel, como o próprio nome diz, nasceu em Basel na Suíça, a fim de trazer um novo conceito de feira de arte e construir um evento transnacional. Aliás, Basel era o lugar perfeito para a concepção desse evento com suas dezenas de galerias, antiquários e museus. Hoje, Art Basel é muito mais que uma feira, é uma marca global.

Em Miami normalmente a feira acontece em dezembro e é quando o bairro da cidade norte-americana ganha ainda mais vida com a chegada de centenas de galerias de arte, artistas, marchands e visitantes em geral. Toda essa efervescência acontece, inclusive, com a participação de várias galerias brasileiras, que marcam presença no evento e apresentam, entre tantas criações e novidades, o melhor da arte brasileira. Excelente oportunidade para a realização de negócios e, para os artistas por elas representados, a chance de uma projeção internacional.

As galerias Nara Roesler e Dan Galeria, duas das mais tradicionais galerias de arte paulistanas, têm em seus portfólios grandes nomes do cenário das artes, tanto nacional quanto internacionais, e estão confirmadas para a próxima edição. A primeira vai levar uma seleção de trabalhos recentes de artistas brasileiros que já fazem parte de sua programação, entre os quais Maria Klabin, Elian Almeida, André Griffo, Raul Mourão, Rodolpho Parigi e obras da ilustríssima Tomie Ohtake. A ideia do estande é mostrar as diferentes abordagens de cada artista no intuito de entender os limites da abstração, figuração e dimensionalidade, oferecendo uma conversa formal e processual entre as obras e entre artistas de diferentes gerações.

Já a Dan Galeria vai apresentar nomes como Jesús Soto, Franz Weissmann, Luca Benites, Pascal Dombis e Francisco Sobrino. Para essa edição, um pout pourri de artistas internacionais cuja pesquisa está relacionada ao concretismo, arte ótica e cinética. E, em celebração ao centenário de um dos artistas, o venezuelano Jesús Rafael Soto, a galeria vai dedicar um espaço exclusivo para suas obras no estande que trará, entre diversos trabalhos, algumas peças históricas que compõem o espólio da família.