Casas são atração turística em Roterdã

Após ter sido parcialmente destruída pelos bombardeios durante a Segunda Grande Guerra, cidade se reergueu e agora possui arquitetura moderna e casas que são ponto de visitação

Mesmo sendo Europa, com toda sua riqueza cultural e histórica, não espere ver belos edifícios medievais ou até mesmo do início do século 19 no bairro central em Roterdã. Com a destruição do local, que por ser uma zona de porto foi duramente bombardeada pelos ataques nazistas, nasceu um novo projeto arquitetônico para a região que a deixou moderna e com ares bastante cosmopolitas. Poucos edifícios históricos sobraram, o que, por um outro ponto de vista, cria um cenário instigante onde o antigo se coordena com o novo, dando ao local uma paisagem singular. Por lá, ergueram-se edifícios envidraçados, com concreto aparente, característicos de uma arquitetura dos grandes centros urbanos atuais. Mas o destaque mesmo fica por conta da Kubuswoning – Casas Cubos em português.

Até os mais desavisados não ficam incólumes ao passar diante desse conjunto. Localizadas na área portuária de Oude Haven, berço da cidade de Roterdã, a poucos quilômetros de Amsterdã, Holanda, as Casas Cubos viraram atração turística por seu formato peculiar. Construídas sobre pilares hexagonais, sua arquitetura extremamente interessante chama a atenção não só pelas formas, mas também pelo desafio – questiona a maioria – de se viver ali. Mas, sim, além de ser uma possibilidade real, as casas possuem boa metragem – cada uma tem 100m² - e, trazendo para a realidade brasileira, pode-se dizer que são casas triplex.

Todo o complexo, assinado pelo arquiteto holandês Piet Blom, foi finalizado em meados de 1984 e, já naquela época, foi pensado para ter uso misto. Assim, o conjunto possui trinta e oito casas residenciais e conta com quatorze comerciais, mas esses com diferentes medidas que variam de 18m² a 70m². Além disso, há algumas lojas no térreo. A parte dos cubos residenciais traz cada casa suspensa a 25 metros do chão, sustentada por pilares de concreto compostos por três lados, cada um com 7,5 metros de largura e é por onde se tem acesso à casa. Mas, antes de adentramos, vale falar que cada cubo foi pensado de forma que ficasse inclinado – o que cria uma aparência de equilíbrio – de modo que três lados ficam direcionados para o chão e outros três para o céu.

Criatividade e quiçá uma pitada de bom humor são partes importantes para quem quer viver ali. Com três andares, a área do primeiro andar que é um espaço de ‘estar’ possui piso em forma de triângulo. Ainda nesse pavimento, de um lado – canto, na verdade – há uma cozinha com mesa de jantar, e do outro, o banheiro. Há também no mesmo andar um ambiente que pode ser usado para trabalho ou sala de TV, dependendo da necessidade de cada morador. Um ponto intrigante nesse andar são as janelas voltadas para baixo, criando uma conexão do morador com o que acontece na rua e que fez com o próprio arquiteto batizasse o andar como ‘casa de rua’.

Falando de área externa, um dos pontos altos do complexo é a integração que as partes térreas têm com o espaço público. Sem muros, grades ou portões, as pessoas podem caminhar livremente entre os pilares, descansar nos bancos ou simplesmente investir seu tempo, e alguns euros, em comprinhas de souvenirs sobre a cidade nas lojinhas disponíveis no local, que tem ao todo 1.000 metros quadrados de áreas comerciais como restaurantes e lojas, e estacionamento com 300 vagas.

Voltando para o edifício, há no segundo andar um espaço que, de acordo com o arquiteto, está voltado para uma maior contemplação interior. O andar se divide em dois quartos, corredor, um banheiro com banheira e uma escada que leva para o terceiro e último piso. Neste, um jardim de inverno formado pelo topo do cubo – uma pirâmide – é um dos pontos altos do projeto que, cercado por cerca de 18 janelas – dependendo do número de cubos aos quais uma casa está vinculada –, oferecem uma ampla visão do entorno. Importante ressaltar que devido às angulações geométricas, os móveis precisam ser customizados. Nada mal para quem gosta de sair fora da caixa, ou do cubo, de vez em quando.

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