Mas não é apenas sobre uma feira, é sobre um legado
Considerada berço do Renascimento, a Itália é país símbolo da arte, da cultura e do design, e os séculos XV e XVI foram cruciais para essa percepção, principalmente, devido ao intenso movimento cultural e intelectual que ocorria em cidades como Gênova, Veneza e Florença. Assim, nomes como Michelangelo, Rafael, Donatello e Leonardo da Vinci se destacaram – e ainda o são – como os grandes precursores do design.
E, como berço que é, não param de nascer talentos que só reafirmam a fama do país ano após ano, até os dias de hoje. Entre tantos outros motivos, é por isso que é na Itália onde acontecem os principais lançamentos de design – de todos os tipos – de marcas consagradas mundialmente, que ditam tendências e apresentam ao mundo suas criações. E não fica nenhum setor de fora. Desse modo, ainda em 2022, a Itália sedia a Cersaie, uma feira internacional e fortemente voltada para o setor de revestimentos, na cidade de Bolonha, e o Connectarch dá uma prévia do que vem por aí.
Entre os dias 26 e 30 de setembro, a cidade de Bolonha – localizada na capital histórica da região de Emília-Romanha, no norte da Itália – vai sediar a Cersaie – Feira Internacional de Cerâmica e Mobiliário de Casa de Banho – que exibirá em seus pavilhões, o melhor em design de superfícies, cerâmica e no setor de móveis de banheiro. A cidade fica a cerca de 80 quilômetros de Florença, é reconhecida mundialmente por sua animação e seus medievais edifícios em tons de terracota e o local, um contraponto, perfeito para as novidades em design do século 21. Alguns números da última edição comprovam a magnitude do evento. Em 2021, a Cersaie representou 134 nações com 626 expositores em uma grande área de 150 mil metros quadrados. E contou com 62.943 visitantes presentes, dos quais, 24.019 estrangeiros e 464 jornalistas.
Porém, a Cersaie não é só o advento da feira com toda sua grandiosidade e seus lançamentos, mas o momento perfeito para explorar tudo o que acontece no entorno. De riquíssimo valor histórico, arquitetônico e cultural, Bolonha é a gênese de um legado para a humanidade e pode-se, ainda, incluir nessa lista, sua excepcional gastronomia que deu à cidade o apelido de ‘La Grassa’, a gorda. Bolonha é igualmente a tantas outras comunas italianas, um lugar especial para conhecer. Além de ruas incrivelmente preservadas ao longo de séculos, onde mais de 40 quilômetros são cobertos por pórticos, é lá onde há a universidade mais antiga da Europa, fundada em 1088 e na qual estudou o gênio Dante Alighieri.
Perto dali…
Um lugar imperdível para se visitar quando na região é Pietrasanta, que está aproximadamente a 2h30 de distância de Bolonha. O lugar é considerado uma joia da Toscana, e está localizado em uma faixa de terra entre o Mar Mediterrâneo e as montanhas dos Alpes Apuanos. Em tradução livre para o português, Pedra Sagrada, é o local onde Michelangelo, por exemplo, comparava os famigerados mármores de Carrara e com o qual esculpiu a ainda mais afamada Pietá.
Com pitorescas e estreitas ruas, Pietrasanta é um convite à contemplação artística, onde é possível se deparar com esculturas de grandes artistas, como Botero, por exemplo, cujo ateliê existe até hoje próximo ao centro. Tudo começou à época do governo Medici, iniciado no século XV, que abriu pedreiras de mármore nos Alpes da região. Muitos artistas migraram para a cidade a fim de aprender e aprimorar suas habilidades escultóricas com os artesãos locais e obter o melhor mármore branco para suas obras. Boa parte desses artistas doaram suas peças para a cidade que se formava, transformando-a em um verdadeiro museu a céu aberto.
Outro importante marco da comuna é a Igreja da Misericórdia que guarda duas pinturas espetaculares, também de Botero: a porta do céu e a porta do inferno. A Catedral de San Martino e sua torre campanária de 36 metros de altura é outro destaque para uma visita com sua escadaria helicoidal. Um paraíso para os amantes das artes, em Pietrasanta existem inúmeros estúdios de artesãos cujas habilidades são transmitidas de geração em geração.
Vale destacar, ainda, a Igreja de Santo Agostinho com suas duas fontes batismais datadas de 1385 e 1612, assim como o Museu Bozzetti, conhecido como museu dos esboços por ser o lar dos moldes de escultura e no qual é possível conhecer mais de 600 obras de mais de 300 artistas, entre italianos e de outros países. E, para fechar – se quiser, pois tem muito mais para ver – vale cada minuto no Museu Virtual da Escultura e Arquitetura MuSa que conecta os dois elementos mais característicos de Pietrasanta: arte e mármore. Um mergulho na história dessa matéria-prima tão preciosa que vai do processamento ao produto, por meio de áudios e imagens com muitos nomes famosos que enriquecem ainda mais a exposição.
