A economia do wellness protagonizada em casa- Connectarch
A economia do wellness protagonizada em casa

A economia do wellness protagonizada em casa

Relaxar, bem-estar, sentir-se bem. Esses e tantos outros atributos usados para interpretar a palavra wellness que vêm ganhando peso e destaque no dia a dia das pessoas. O conceito de economia do wellness se protagonizou dentro de casa, seja pela busca de lugares para descansar, fazer exercícios ou se conectar consigo, com a natureza, ou se desconectar.

O Connectarch ouviu profissionais que cuidam da mente, do corpo e da arquitetura para entender como as pessoas se adaptaram – ou ainda não – ao “atual” normal e entender como a nova economia do wellness está moldando a construção de novos negócios, casas e escritórios. O personal trainer e professor de dança Anderson Marco, a arquiteta Ana Rozenblit, do escritório Spaço Interior, e a psicóloga Adriana Severine falaram sobre as mudanças, o comportamento e a nova realidade de suas profissões e do modo de vida de seus clientes e pacientes.

Mudanças de paradigmas

Quem poderia imaginar, anos atrás, a realidade que estamos vivendo hoje? A maior parte da população (mundial) passa uma boa fatia do tempo dentro de casa, onde concilia estudos com a vida profissional, afazeres domésticos com a educação dos filhos. Como pode ser real ainda conseguir um tempo nessa odisseia insana para cuidar de si próprio? Sim, é possível! E não estamos falando de super-heróis ou super-heroínas, mas de pessoas normais, de seres humanos. E, além disso, como é possível ainda enxergar as reais mudanças, para o bem ou para o mal, nesse novo “normal” – desculpe o clichê, mas ele se faz necessário – que transformou a vida de algumas pessoas, como conta a psicóloga Adriana Severine.

Aos 52 anos, a profissional que já atendia em formato on-line cerca de 25% de seus pacientes, se sentiu confortável com a transição dos outros 75% para o mundo virtual. “Minha adaptação foi tranquila, já atendia muitos pacientes do exterior dessa forma. O complicado foi colocar um limite de horário para mim, não trabalhar depois da meia-noite, aos sábados e aos domingos”, conta. Mas, ela reconhece as dificuldades. “Como estava em casa, sempre dava a sensação que era mais tranquilo, porém depois de três meses com esse ritmo acelerado comecei a sentir o cansaço por não separar vida pessoal da profissional com limites claros”, desabafa.

Adaptação e resiliência são palavras de ordem. É preciso se adequar à nova realidade e encarar que, mesmo que seja por um tempo, as mudanças são necessárias. Atividades das mais “físicas” por assim dizer, também precisaram se adaptar e, segundo o personal trainer Anderson Marco, de 40 anos, parece que as mudanças vieram para ficar. “A adaptação foi gradativa. Os alunos foram devagar migrando para o virtual. Ao saber da experiência do outro decidiam por experimentar também”. Ele conta que com a reabertura das academias em momentos de flexibilização das regras sanitárias impostas pelo governo em São Paulo, ainda assim, 60% dos alunos decidiram continuar as aulas virtualmente. Mas não parou por aí. “Até cinco meses atrás (novembro 2020) todos os meus alunos migraram para o virtual”. E comemora: “Também ganhei alunos novos que já queriam dar início à atividade física no modelo virtual”.

A casa e o bem-estar

Tanto na realidade do Anderson, quanto na de Adriana, não houve casos de mudanças extremas no ambiente físico de alunos ou pacientes para a realização de treinos ou consultas, a não ser uma nova disposição de mobiliário para os exercícios – “apenas um ‘arrastar de um móvel ou tapete’ foi necessário para alguns alunos”, conta o professor, ou escolher um local onde pudesse estar sozinho para uma boa conversa – “os pacientes precisam estar em um lugar onde sintam-se confortáveis e seguros de que a confidencialidade será mantida, onde ninguém irá ouvi-los”, diz a psicóloga.

Cenário diferente para a arquiteta Ana Rozenblit que viu crescer a demanda por projetos que privilegiassem o bem-estar, com solicitações de espaços para meditação, exercícios físicos e, até mesmo, a espiritualidade. “A pandemia trouxe para a arquitetura várias demandas e propósitos diferentes e um dos destaques, mais especificamente no lar das pessoas, foi a demanda pelo bem-estar dentro de casa. Toda solicitação de projeto que a gente tem hoje é voltada para como ficar bem em casa, não só no que tange o trabalho – o home-office, mas poder viver de uma maneira melhor”. Ela conta que houve um aumento em projetos voltados para uma nova configuração residencial, para o que a pessoa quer, para o que lhe faça bem, como espaços alternativos com paredes verdes vivas. “Essa foi uma das maiores solicitações, porque as pessoas querem estar próximas da natureza mesmo que dentro de um apartamento pequeno”.

Outra demanda da admiradora da neuroarquitetura – estudo da neurociência aplicada à arquitetura – durante a pandemia, foi a espiritualidade. “Quem tem alguma crença ou mesmo uma ligação energética, pediu um ‘cantinho zen’, isso independentemente da religião. O que os clientes mais queriam era um espaço para relaxar, para se conectar com eles próprios, com alguma pessoa, com alguma coisa ou alguma luz maior. Isso foi um pedido mais frequente”, relata.

Qualidade de vida

Sobre o rendimento do aluno na versão virtual, Anderson diz que melhorou muito. “Tive resposta positiva de 90% dos meus alunos. Como a mudança de estímulo foi bem radical somada aos cuidados que todos passaram a ter por conta de tudo o que se falava sobre a COVID-19 eles perderam peso e aumentaram muito o condicionamento físico e, consequentemente, a qualidade de vida”. E complementa: “se exercitar em qualquer situação é fundamental para manter nossa saúde em dia e nossa imunidade elevada, na pandemia é imprescindível estarmos atentos a isso”.

Prestar atenção na qualidade de vida está na pauta dos profissionais, principalmente em tempos de home-office e com o estresse do distanciamento social e do confinamento ao qual todos foram submetidos devido à pandemia. “Para as pessoas que estão trabalhando home-office é importantíssimo ter uma rotina e manter horários de pausa para um café, um suco, almoçar nos horários que estavam acostumados. Trabalhar até tarde, bem depois do seu horário, precisa ser uma exceção e não permitir emendar trabalho com vida pessoal”, aconselha a psicóloga.

Anderson acredita que é importante fazer o home-office ter cara de trabalho, como se estivesse atuando em um ambiente corporativo de verdade, mesmo em casa. “No meu caso utilizo um cômodo vazio para demonstração e correção das atividades, sempre estou sozinho com meu aluno e utilizo fones via Bluetooth para que mesmo ao me afastar da câmera para demonstrações de exercícios o aluno me ouça perfeitamente”.

Por sua vez, Ana aposta que, independentemente da mudança estrutural dentro de casa que o cliente possa desejar, o importante é entender que “as pessoas querem viver bem, morar bem no espaço que elas têm”, finaliza.

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